segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Pastores políticos ou políticos pastores?


É comum a todo humano o não estar satisfeito com sua disposição ante a vida e a sociedade, creio até ser essa uma fagulha divina a soprar incessante no espirito do homem. A busca pelo crescimento, o instinto cientifico que forja o saber e a pesquisa, e que traz consigo o sabor inebriante das vitórias, conquistas e reconhecimento, recompensa justa de um trabalho bem feito.
O que está sendo posto em cheque aqui entretanto, não é a possibilidade de mudança de atitude, profissão ou modo de encarar a vida, para tudo isso Deus tem dado liberdade ao homem. Falamos de “ chamado” ou “vocação” que vem da palavra latina vocare = chamar. Vocatio = chamamento, chamar, eleger, escolher.
E é ai onde reside toda a importância da nossa discussão. No uso dos dons e talentos naturais, os quais sem sombra de duvida também nos são dados por Deus, juntamente com eles se recebe o direito de não utilizá-los e/ou seguir um outro caminho, sem prejuízo para si ou para os outros no âmbito eterno. Todavia, quando se trata do vocatio Divino a decisão humana terá sempre implicações eternas.
Se voltarmos o nosso olhar para o vocatio apostólico iremos vislumbrar de forma inconteste o que Deus espera dos seus ministros. Em Mateus 4.17-19 vemos o registro disso. Pedro e André ouvem a voz do Mestre e abandonam o labor profissional, daquele momento em diante começam a aprender o que é ser um ministro do Reino. É pertinente a observação de que os discípulos deixam para trás suas vidas e seus sonhos, a fim de viverem a vida e o projeto de Reino.
Vemos claramente no episódio em que desesperançados devido a morte de Cristo, buscam voltar a sua antiga vida e profissão, o que sucede? Fracassam, pois não eram mais pescadores de peixes e sim de almas. “ Disse-lhes Simão Pedro: Vou pescar. Dizem-lhe eles: Também nós vamos contigo. Foram, e subiram logo para o barco, e naquela noite nada apanharam.” Jo.21:3. O mesmo se deu com Paulo, abandona todas as perspectivas de uma carreira rabínica no judaísmo, por causa do vocatio Divino.
“ E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como escória, para que possa ganhar a Cristo”. Fp. 3.8. Caminhando em direção ao contexto desse escrito Paulino, podemos de forma inequívoca ver que o apostolo está tratando da sua vida e posição no mundo hebreu. Podemos ouvir o vociferar da sua palavra escrita quanto ao Divino chamado para o ministério: “ Ninguém que milita se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra.” II Tm 2.4.
O proeminente pastor Billy Graham parece ter compreendido muito claramente o seu vocatio Divino. Ao receber o convite para concorrer à presidência da República dos Estados Unidos da América, recusou dizendo: “Por acaso eu trocaria o Santo Ministério da Palavra de Deus por um cargo tão insignificante?” Pastores políticos ou políticos pastores? Definitivamente não há como se equacionar tal problema sem perpassar à máxima maquiavélica em que “ os fins justificam os meios.”
Entendo a importância da política e a urgência que a igreja tem de se posicionar como luz e sal que é, entretanto, entendo também que Deus tem os seus vocacionados para essa tão importante empreitada, a qual não sobrepuja nem de longe a “eleição” feita àquele chamado para “presidir” as ovelhas do Senhor.
Pr. Wanderley Nunes