quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Demitizando a Serpente (Não havia demônio no Éden)


Costumamos ler a Bíblia condicionados e normatizados pelas fôrmas sistemáticas impostas pela teologia, ainda que nunca tenhamos lido um único compêndio teológico, todavia, o vírus da “teologia sistemática da igreja” nos alcançou e fomos infectados. Lemos sobre “amor” em Gênesis e formulamos um sermão cujo ápice encontra-se em I Coríntios 13, sem nos importarmos com as diversas acepções dessa palavra ao longo dos séculos, nem com a cultura na qual estavam inseridos o escritor e o público que recebeu em primeira mão a mensagem Divina. 

Esquecemos que a Bíblia sendo o livro de Deus, é também o livro do homem. Traz uma mensagem transcendente usando, porém, uma linguagem limitada pelo tempo e pelas mudanças socioculturais.

Devido as dificuldades aqui apresentadas, observamos então que a maneira menos dolorosa de ler e refletir as escrituras é usando como expediente investigatório a teologia Bíblica, dissecando de forma sincera e menos parcial possível (se é que alguém consegue) a ideia por trás do texto.

Convido você a observar apenas o livro de gênesis, livrando-se de todos os padrões interpretativos que recebeu por herança, por um breve período, olhe para esse livro como se fosse o único livro que a Bíblia possui. Leia então gênesis 3.1-5.

Mas a serpente, mais sagaz que todos os animais selváticos que o SENHOR Deus tinha feito, disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim? Respondeu-lhe a mulher: Do fruto das árvores do jardim podemos comer, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Dele não comereis, nem tocareis nele, para que não morrais.Então, a serpente disse à mulher: É certo que não morrereis.Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal.



Qual a figura que se vê no texto? A figura do diabo? Não, em hipótese alguma, o texto refere-se a uma serpente, inclusive a chama de animal. Encontramos no texto: Deus, Adão, Eva e a serpente. O único ser espiritual no texto é Deus. Paulo (II Co.11.3) no uso da sua brilhante verve, não viu no texto mais do que o texto afirma de forma inexorável: “Mas receio que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também seja corrompida a vossa mente e se aparte da simplicidade e pureza devidas a Cristo.”

No pensamento de Paulo não há nem um demônio no Jardim. Outro fato interessante, é que o Apóstolo dos gentios não atribui à serpente a entrada do pecado no mundo; ele não vê um demônio escondido entre as folhagens, esperando a oportunidade para possuir a serpente depois de ter sido expulso do céu. Definitivamente, não há nada disso na mente de Paulo: “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” (Rm.5.12).

O que observamos é que nesse aspecto, a teologia do doutor dos gentios continua fiel ao pensamento judaico: O pecado é de total responsabilidade humana, a figura da serpente é interpretada como o desejo latente do homem em tornar-se senhor de si, independente e autossuficiente.

Podemos observar, ainda, que quando vem a punição (Gn.3.13,14), todos a sofrem, inclusive a serpente. Detalhe: A punição é para o “animal selvático” (serpente), não há punição para um espírito diabólico que supostamente houvesse se apossado dela.


Disse o SENHOR Deus à mulher: Que é isso que fizeste? Respondeu a mulher: A serpente me enganou, e eu comi. Então, o SENHOR Deus disse à serpente: Visto que isso fizeste, maldita és entre todos os animais domésticos e o és entre todos os animais selváticos; rastejarás sobre o teu ventre e comerás pó todos os dias da tua vida.

Vale salientar que no Antigo testamento a fé em Deus é uma fé monista. Deus é Senhor absoluto da vida e da morte, do bem e do mal. Trataremos disso em breve, grande abraço. 


W anderley Nunes.

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Exibido todos os dias às 23h30 na TV Bacana Canal - Canal 17

terça-feira, 26 de agosto de 2014

terça-feira, 12 de agosto de 2014

A NATUREZA É SUA AMIGA, PRESERVE-A!

| PALESTRAS
| MOSTRA DE ARTESANATO
| DISTRIBUIÇÃO DE MUDAS
| E MUITO MAIS ...

DATA:
NESTE DOMINGO: 17 / AGOSTO 2014
ÀS 9:00 MANHÃ
LOCAL: 
PRAÇA DA REPÚBLICA
EM FRENTE AO TEATRO DA PAZ 




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segunda-feira, 28 de julho de 2014

Palestra: Misticismo no Evangelho

MISTICISMO NO EVANGELHO
ENTRADA FRANCA

DATA:
Domingo, 03/08/2014 - 9h00

LOCAL: 
CLUBE CIFAMM
Av. Independência, Final da Rua da Apeti
Entre Mário Covas (à 500m da Mário Covas) e Rod. Quarenta Horas
Ananindeua - PA

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domingo, 6 de julho de 2014

A RELIGIÃO DO FIM DOS TEMPOS

PALESTRA 
A RELIGIÃO DO FIM DOS TEMPOS
ENTRADA FRANCA

DATA:
Domingo, 06/07/2014 - 9h00
LOCAL:
Rua Jardim da Providência, 177
Sítio Augusto Soares
Águas Lindas
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terça-feira, 29 de abril de 2014

Você Precisa Participar!

Ao cair da tarde daquele dia, o primeiro da semana, trancadas as portas da casa onde estavam os discípulos com medo dos judeus, veio Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes: Paz seja convosco! E, dizendo isto, lhes mostrou as mãos e o lado. Alegraram-se, portanto, os discípulos ao verem o Senhor. Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio.
[…] Ora, Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Disseram-lhe, então, os outros discípulos: Vimos o Senhor. Mas ele respondeu: Se eu não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, e ali não puser o dedo, e não puser a mão no seu lado, de modo algum acreditarei. (Jo. 20.19-21, 24, 25).

O texto joanino retrata um momento muito difícil para a fé dos discípulos. Por outro lado,  decisivo para o futuro da eclésia[1] que havia de ser efetivada a partir do pentecoste. Há porém, algumas lições simples, no entanto, objetivas a serem observadas. A primeira delas, é que apesar de estarem com medo dos judeus, eles mantinham a comunhão uns com os outros.

Nos momentos de tensão, frustração e desespero, geralmente surge uma tendência à fuga e isolamento. Pedro e a maioria dos seus companheiros de fé não escolheram tal caminho. Estavam com medo, apreensivos, cheios de incertezas, mas permaneceram juntos.

Melhor é serem dois do que um, porque têm melhor paga do seu trabalho. Porque se caírem, um levanta o companheiro; ai, porém, do que estiver só; pois, caindo, não haverá quem o levante. Também, se dois dormirem juntos, eles se aquentarão; mas um só como se aquentará? Se alguém quiser prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; o cordão de três dobras não se rebenta com facilidade. (Ec. 4.9-12).

Deus em sua sabedoria criou a eclésia, um corpo com muitos membros diferentes, dependentes uns dos outros; labores diversos, entretanto, sacralizados pela vida insuflada pelo Espírito, que faz, a despeito das incongruências e paradoxos, a manutenção da indivisibilidade do corpo.

Ao contrário do que comumente se pensa, o grande equívoco de Tomé não foi primordialmente a dúvida sobre a ressurreição de Cristo, e sim, antes de tudo, o abandono da comunhão dos irmãos. Tomé fez o que muitos fazem hoje: Se desiludiu da fé por não ser aquilo que esperava, consequentemente abandonou os “irmãos”, pois eram apenas “irmãos”, não eram amigos, não havia comunhão real. Era apenas o que o secularismo capitalista produz hoje: relacionamentos interesseiros e rasos, que não suportam as crises comuns à vida.

Felizmente Tomé teve um retorno ao bom senso, e voltou à comunhão dos aflitos e apreensivos, tendo nesse retorno uma notícia no mínimo desconcertante: o mestre havia ressuscitado. Como um aluno que faltara a essa aula, estava aturdido com a “suposta” experiência dos seus amigos, e claro, não podia crer. Tomé não possuía embasamento escriturístico de fé e de comunhão com a vida daquele grupo. Crer na ressurreição naquele momento se tornara uma tarefa impossível para ele.

É somente na comunhão da eclésia, conforme afirma Paulo (Cl. 3.16), que pode haver instrução e admoestação mútua, louvor, gratidão e a busca pelo crescimento na graça e na fé. Logo, não deveríamos nos render às vicissitudes da vida. Jesus não nos convida a abandonar a comunhão dos santos por causa do secularismo e materialismo impingido por essa era, mas sim, relegar à última instância tudo o que nos fere e nos impugna a caminhada de fé.

Outro fator imprescindível para nós, é o desenvolvimento de um caráter com nuanças e tons altruístas. Por isso, Paulo recomenda o perdoar e suportar uns aos outros (Ef. 4.32; Cl. 3.13). Perdoar é passar por cima do nosso orgulho e egocentrismo, é conceder uma nova oportunidade para aquele que nos trouxe prejuízo.

Ainda há algo sobremodo relevante para a contínua construção e aperfeiçoamento do nosso caráter: aprendermos a suportar, dar suporte de verdade ao mais débil e inexperiente na fé (Rm.15.1), não vivendo uma vida mesquinha do agrado próprio (Rm.15.2,3). Você dirá: “Isso é impossível para mim!” Não é! Isso é questão de exercício. É que passamos a vida nos exercitando unilateralmente, sempre voltados para os nossos interesses.




O homem foi criado para viver comunitariamente, para servir partilhando. Quem aprende a servir é mais feliz. A felicidade não está na posse e na conquista, elas são meios que nos conduzem a um contínuo relacionar-se, e nós, desapercebidos não enxergamos. Mesmo os egocêntricos empedernidos sabem, ainda que não o admitam, que a posse e a conquista nada valem sem o outro para acolhê-las, admirá-las e entregar-lhes os “louros”.

Para conquistar, seja em que âmbito for, precisamos uns dos outros. Por que não viver isso na esfera comunal da eclésia, com a alegria e a dor que o servir mútuo proporciona?
Conta-nos as escrituras que Tomé depois da crise permaneceu com os discípulos até o  pentecoste. Mais tarde, saiu pelo mundo falando do Cristo ressurreto.
Segundo um sábio sagrado, mais esperança se tem em um jovem pobre e sábio do que em um monarca experiente, porém insensato, que não acolhe mais conselho de ninguém. (Ec.4.13).

Deixe de olhar só para si e seus problemas, abandone a autocomiseração. O que você precisa é participar.


Em Cristo,


W anderley Nunes.


[1] Eclésia aqui, é a Igreja não no sentido institucional ou denominacional que conhecemos, mas o organismo vivo proposto por Cristo.