segunda-feira, 4 de julho de 2016
Momento de Reflexão - E a salvação?
Você refletirá com Wanderley Nunes, sobre três pontos controversos do Evangelho:
Quem salva?
Como sou salvo?
Posso perder a salvação?
Você não pode deixar de participar!
quinta-feira, 30 de junho de 2016
sexta-feira, 10 de junho de 2016
quarta-feira, 1 de junho de 2016
quinta-feira, 26 de maio de 2016
Momento de Reflexão: Como chegamos até aqui
Momento de Reflexão
Como chegamos até aqui
Wanderley Nunes faz um relato da sua trajetória até a mensagem da graça.
Você não pode perder!!!
Sítio Asmitra
NESTE DOMINGO - 29 Maio de 2016 - 9h
ENTRADA FRANCA
Informações: WhatsApp (91) 98495-7355
Endereço: Estrada do Icui Guajará II, 154
Entrada pela feira do 40 Horas
Icuí-Guajará, Ananindeua - PA
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segunda-feira, 16 de maio de 2016
Espiritual ou carnal?
Ouvimos muitas
discussões e definições do que seja ser carnal ou espiritual. Se uma pessoa ora
muito, se entrega aos cânticos de cunho religiosos, ou mesmo se vale de muitos
momentos devocionais, tal pessoa é tida como espiritual. Por outro lado, se
alguém é do tipo não afeito a muita oração, cânticos e devocionais… Temos aí um
carnal segundo o senso comum.
Mas o que de fato é uma
pessoa carnal? Para traçarmos o perfil do que sejam os termos carnal e
espiritual, tomaremos dois versículos emblemáticos, o primeiro I Co. 2.15:
Mas
quem é espiritual discerne todas as coisas, e ele mesmo por ninguém é
discernido…
Em seguida, I Co. 3. 1:
Irmãos, não lhes pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a crianças em Cristo.
Para obtermos o mínimo
de compreensão do texto, exige-se a busca do contexto. No capítulo 1. 11, logo
depois das saudações, Paulo aponta um problema muito sério que vinha acometendo
a comunidade de Corinto, o problema tomara uma proporção de tal monta que
chegou aos seus ouvidos mesmo estando em outra cidade.
Os Coríntios estavam
divididos nos pensamentos e atitudes, eram partidaristas (I Co. 1.12). Paulo
faz uma breve explanação sobre divisões em Cristo (I Co. 1. 13-16), culminando
com a fala sobre ter batizado algumas pessoas, afirmando, no entanto, que a
prédica sobre o Evangelho sobrepunha todas as coisas (1. 17). A partir desse
momento, o apóstolo põe de lado os recursos dos homens – dentre eles a
sabedoria – para exaltar a cruz de Cristo.
Lembremo-nos, ele está
falando para um público helênico, alguns com influências estrangeiras, mas no
geral, a comunidade era grega. A contenda e a divisão girava em torno de quem
era o mais importante mentor, Paulo passa então a contrastar a sabedoria humana
com a Divina, sublimando a última como lhe era próprio, com o intuito do pôr os
homens como peças fundamentais na economia [ 1 ] celeste,
entretanto, essa importância era sempre com relação ao todo.
A ideia do texto aos
Coríntios não é desprezar a sabedoria dos homens como alguns teimam enfatizar.
O que acontece é, quando a sabedoria de Cristo é reconhecida e exaltada, toda
inteligência e habilidade humana – seja de quem for : Paulo, Apolo… – se torna
microscópica (I Co. 1. 18-25).
No capítulo 2. 1,
observamos a proposta Paulina de não discutir ideias e argumentações muito
elaboradas, ele buscou apresentar Cristo.
Minha
mensagem e minha pregação não consistiram de palavras persuasivas de sabedoria,
mas consistiram de demonstração do poder do Espírito. (I Co. 2. 4).
Ele claramente está
falando do Espírito de Cristo e do poder salvífico que só Jesus, a aleteia de Deus possui. É da sabedoria
de Deus – Jesus – que o apóstolo fala, sabedoria que os poderosos e sábios não
conheceram, embora já houvesse sido revelada (I Co. 2. 10).
Toda a explanação
Paulina segue em torno da sabedoria de Deus, como também sobre o porquê dos
poderosos, estudiosos, doutores, e os mais habilitados na fé de Israel não
terem reconhecido tal sabedoria: O partidarismo.
Paulo segue
argumentando sobre o tema (I Co. 2. 6-16), para logo depois, no capítulo 3.
1-3, nominar os coríntios de “carnais”, como “carnais foram aqueles que não
reconheceram em Jesus o Messias. Os coríntios, assim como os líderes da época
de Cristo, estavam sendo partidaristas, consequentemente, contenciosos e
ciumentos (I Co. 1. 11).
Para o texto de
Coríntios, ser carnal não é ser pouco devocional. Ser carnal é ser
partidarista, contencioso, é não reconhecer Cristo acima dos homens. O capítulo
1. 12, discorre sobre o espírito recebido pelos coríntios, não era o espírito
do mundo, ou seja, um modo de vida voltado para si próprio, para as coisas e
conquistas dessa vida, cujo louvor é verticalizado, meramente terreno e humano.
A ênfase da exposição é
a recepção do Espírito de Deus, por conseguinte, aquela comunidade deveria ser
grata, pois tudo que possuíam de Deus – inclusive os mentores – provinha da
graça de Cristo. A fala Paulina aponta para a valorização dos mestres com
relação ao todo, individualmente e para si próprio, qualquer obra se torna
ínfima e inconsistente, pois somos membros uns dos outros (Rm. 12. 5).
Afinal
de contas, quem é Apolo? Quem é Paulo? Apenas servos por meio dos quais vocês
vieram a crer, conforme o ministério que o Senhor atribuiu a cada um (I Co. 3.
5).
Aqui Paulo não está desvalorizando ninguém, muito menos a si próprio, porém expondo sua pequenez e dos seus companheiros com relação a grandiosidade da economia Divina, da qual fazia parte como brilhante colaborador. Vejamos como ele finaliza seu comentário sobre o assunto.
Portanto,
ninguém se glorie em homens; porque todas as coisas são de vocês, seja Paulo,
seja Apolo, seja Pedro, seja o mundo, a vida, a morte, o presente ou o futuro;
tudo é de vocês, e vocês são de Cristo, e Cristo, de Deus (I Co. 3. 21-23).
Ser carnal, conforme a
epístola aos coríntios, é pôr seus interesses – ainda que eivados de
“espiritualismo”, devoção e ritos – acima das pessoas, objeto maior do amor de
Deus, a ponto de contender, separar-se, e produzir mágoas, tudo feito
contraditando a ética de Jesus, aquele que em seus discursos e práticas sempre
depôs contra sentimentos e atos mesquinhos.
Façamos um paralelo
entre I Co. 3. 3 e Gl. 5. 20,21, teremos duas palavras apontando para obras da
carne: inveja e divisões, todavia, ainda que de forma implícita, perceberemos
outros sentimentos subjacentes ao segregacionismo dos coríntios: Ódio (falo
aqui do sentimento religioso partidarista), dissensões, facções…Tudo produzido
em nome de Cristo.
Ser espiritual, em contrapartida, é ter paz (sobretudo com o diferente), paciência, amabilidade, domínio próprio… (Gl. 5. 22,23) [ 2 ].
Em lugar de ficarmos brincando de gato e rato com os que pensam diferente de nós, devemos antes de tudo buscar o acolhimento e o diálogo pacífico, se forem cabíveis. Senão, deixemos o silêncio ganhar voz apenas com a nossa tolerância e paz. Pois se o amor, a graça e a bondade de Cristo não forem retratadas do humano para o humano, a ponto de conscientizar o outro em amor, não serão hostilidade e truculência que farão isso.
Wanderley Nunes
[1] O vocábulo “economia” advêm da junção de
duas palavras: oikos (casa) e nomia
(lei) oikonomia, podendo ser
traduzida literalmente como a lei da casa. Irineu de Lion parece ter sido o
primeiro a usar esse termo por volta do III século. Ele usou economia para
falar como Deus lidou com a história da salvação. Logo, a economia da salvação
diz respeito as riquezas eternas de Deus dispensadas ao homem.
[2] Tanto aqui como em todo o texto, usamos a
tradução da nvi.
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terça-feira, 12 de abril de 2016
Palestra - Liberdade: De que liberdade Jesus falou?
Palestra
Liberdade: De que liberdade Jesus falou?
Uma palavra sobre um dos maiores questionamentos da vida.
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segunda-feira, 11 de abril de 2016
Reflexões: Trágico não é amar e não ser correspondido...
Wanderley Nunesde Segunda a Sexta às 7h30 na Rádio Amazônia Viva FM - 89,5Blog:...
Publicado por Mensagem Restauradora em Segunda, 11 de abril de 2016
segunda-feira, 4 de abril de 2016
Reflexões: Quando o diálogo...
Wanderley Nunesde Segunda a Sexta às 7h30 na Rádio Amazônia Viva FM - 89,5Blog:...
Publicado por Mensagem Restauradora em Segunda, 4 de abril de 2016
segunda-feira, 28 de março de 2016
WhatsApp: Mande sua pergunta!
Mande sua Pergunta.Acompanhe as respostas com Wanderley Nunes de Segunda a Sexta às 7h30 na Rádio Amazônia Viva FM - 89,5
Publicado por Mensagem Restauradora em Segunda, 28 de março de 2016
Facebook: Compartilhe nossas publicações!!!
facebook.com/mensagemrestauradoraA VIDA NA GRAÇA, NA BELEZA E NA SIMPLICIDADE DO EVANGELHO, REPOUSANDO NO LOGOS DE DEUS, CRISTO JESUS.
Publicado por Mensagem Restauradora em Segunda, 28 de março de 2016
domingo, 20 de março de 2016
Reflexões: Se conheço Deus?...
Wanderley Nunesde Segunda a Sexta às 7h30 na Rádio Amazônia Viva FM - 89,5Blog:...
Publicado por Mensagem Restauradora em Domingo, 20 de março de 2016
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quinta-feira, 17 de março de 2016
A República de Curitiba e o terror dos pilantras.
República genericamente falando,
significa uma forma de governo em que o chefe de Estado é eleito direta ou
indiretamente pelo povo, exercendo seu mandato por um determinado período.
Mas quando tudo isso se perde? Quando
alguém ascende a rampa planaltina ovacionado, sob a égide do sacro lema
vermelho: " A esperança venceu o medo " e o que se vê ao longo dos
anos é o medo se instalando nos corações já desesperançados?
O que fazer, quando um chefe de
Estado com o intuito de preservar o seu cargo e governabilidade usa para isso o
expediente, que no mínimo, explícita sua má fé e o desejo maquiavélico de
blindar a si mesmo e seus confrades?
E ela já existe, por hora, sediada em
Curitiba.
O ex-presidente lula, foi ao mesmo tempo o vaticinador e o alvo dos
próprios vaticínios:
"Estou assustado com a República
de Curitiba".
O que podemos dizer nesse momento é
que ele deve continuar assustado...
O chefe da República de Curitiba é o
juiz Sérgio Moro, que de modo legítimo cumpre seu ofício e foi "moralmente
eleito pelo povo" para entrar nesse embate jurídico contra a pilantragem
institucionalizada.
É Dilma e Lula, de fato existe uma
nova República e vocês definitivamente, não fazem parte dela.
Wanderley Nunes
terça-feira, 15 de março de 2016
Reflexões: O homem envelhece...
Wanderley Nunesde Segunda a Sexta às 7h30 na Rádio Amazônia Viva FM - 89,5Blog:...
Publicado por Mensagem Restauradora em Terça, 15 de março de 2016
segunda-feira, 14 de março de 2016
Reflexões: Provemos nossas “verdades”...
Wanderley Nunesde Segunda a Sexta às 7h30 na Rádio Amazônia Viva FM - 89,5Blog:...
Publicado por Mensagem Restauradora em Quarta, 9 de março de 2016
terça-feira, 8 de março de 2016
Aletheia
Um
dia desses me perguntaram: O que é a verdade para você? Visto que continuamente
ouço o seu discurso nas mídias e sua resposta tem sido: A verdade é Jesus, o
Cristo. Se a verdade é Jesus Cristo, então você não tem nenhuma verdade para
propor?
Gostaria
de nessa oportunidade esclarecer minha posição de forma bem simples, talvez
para alguns soe até simplista. Quando falo da verdade Jesus, falo da aletheia de Deus, o dado histórico
baseado no testemunho dos antigos e vindicado nas escrituras apostólicas: O
messias de Deus veio ao mundo.
Claro,
a historicidade do evento ficará circunscrita tão somente à proposição de que
um homem de nome Jesus, chamado por alguns de o Nazareno, cuja existência se
deu em determinado período na palestina, possuiu alguns seguidores e que há
pouca coisa para se falar dele como cidadão do seu tempo.
O
que temos de narrações a respeito de Jesus, na verdade não são fatos
estritamente históricos e sim, testemunhos de fé. O novo testamento não é em si
mesmo uma biografia, mas o relato testemunhal de um ato do Deus da nação
Israelita, no tempo e em local definido. Desse modo, o Jesus histórico foi
apenas um judeu dentre tantos que se autoafirmava profeta, o Jesus da fé é o
messias de Deus, o salvador do mundo.
Assim,
para que alguém creia em Jesus o Cristo, necessita de fé para acreditar na sua
transcendência divina. Porém, antes de abordar a aletheia Jesus, pretendo discorrer sobre alguns aspectos do
vocábulo “verdade”.
Verdades
A
verdade no sentido filosófico, é como disse Chauí: “A não aceitação de crenças
e certezas estabelecidas [1]”, posto que o papel da filosofia é a busca
incessante da verdade. Temos assim, filosoficamente falando, a verdade como um
horizonte utópico. É relevante também, a observação do conceito da verdade nas
culturas influenciadoras do pensamento humano.
Para
os hebreus, a verdade (emunah) tem o sentido de confiança, é o que se apresenta
por providência divina: O que Deus providencia é a verdade. Em latim a verdade
(veritas), é tudo o que pode ser demonstrado fielmente, veritas ganha aqui a
acepção de precisão de relato: Acredito que o que foi relatado para mim é a
“verdade” do fato.
No
senso comum, se pode afirmar que a verdade é tudo o que é real e fato, ou o ser
em si das coisas. O grande problema de tal assertiva, é que tudo no plano
temporal e físico está em constante mutação. Como ser verdade o que muda física
e temporalmente? Acreditar que aquilo que mudou no ser contínua nele como
essência, é no mínimo um dogmatismo caduco.
A
verdade, por esse âmbito, só pode ser vista como relativa, desse modo tal
pensamento se coaduna com o pensar filosófico: A verdade é uma busca inglória,
quando a achamos, a perdemos, pois sua apreensão segue o círculo continuo e
descontinuo do pensar humano.
O
pensar científico como é filho da filosofia, tem como pressuposto a verdade
presente. É verdade o que descobri agora. A metodologia científica é objetiva,
avaliadora, criteriosa, não rejeita jamais o contraditório, posto ser o
propulsor do contínuo renovo, da contínua modificação.
No
pensar científico, embora haja firmeza na busca do fato, carrega consigo a
flexibilidade própria do cientificismo, onde a verdade é sujeita as novas
avaliações, de tal modo que o que era verdade ontem, talvez não o seja hoje,
podendo obter novas configurações amanhã. Os indoutos chamarão isso de
inconsistência, quando ao contrário, é a afirmação desafetada de que o saber é
ininterrupto, não havendo sobre ele uma palavra final, definitiva.
Aletheia
Em
grego, verdade é aletheia: o não-oculto,
não-escondido, não-dissimulado, o evidente, a manifestação do que é ou existe
como é. O verdadeiro dito assim, está nas próprias coisas e a verdade é a
qualidade que as coisas contêm. O Escritor do quarto evangelho, parece não
conceber a aletheia desse modo. Na
concepção Joanina, a verdade não se encontra no evidente, nem reside nas
qualidades das coisas.
Do
mesmo modo como anteriormente o Logos helênico havia recebido uma nova leitura,
a aletheia grega ganha uma
conceituação muito mais ampla. A verdade
nessa nova configuração, recebe o status de evento divino: O amor de
Deus se manifestou em Jesus. Tal fenômeno deve ser depreendido em fé, pois só
pela fé será anuído como aletheia
divina.
A
aletheia Jesus, é a vindicação do
Divino em humanidade, tal manifestação não pode ser apreendida perfeitamente
pelo intelecto. Querer compreender a divindade, sistematizá-la, enquadrá-la, é
próprio do homem, daí nasceu a religião. Os sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas)
com todas as suas reminiscências judaizantes, helenísticas e romanas não
conseguem adequar Jesus as suas respectivas cosmovisões, percebe-se sempre um
vácuo.
O
relato Joanino serve de exemplo no que diz respeito a insensibilidade humana
com relação ao ato de Deus. Não recomendaria a ninguém iniciar uma busca pela
compreensão da manifestação da aletheia
divina, por estudos teológicos exclusivistas, manipuladores de deus (letra
minúscula mesmo. Só um deus assim - um ídolo - seria manipulável), mas pela crença de que o
criador de tudo, aquele que em tudo se manifesta, falou em humanidade através
de Jesus.
Vocês estudam cuidadosamente
as Escrituras, porque pensam que nelas vocês têm a vida eterna. E são as
Escrituras que testemunham a meu respeito; contudo, vocês não querem vir a mim
para terem vida. (Jo. 5. 39, 40).
O
relato fala do embate de Jesus com os melhores estudiosos da época. Porém,
enquanto liam, perscrutavam, sistematizavam o ato divino (a chegada do
messias), a realidade salvífica estava ali.
Perceba
no próximo texto, o fraseado do Cristo com relação aos que o rejeitaram
veementemente.
Jesus disse: "Pai,
perdoa-lhes, pois não sabem o que estão fazendo". (Lc 23:34).
É
pertinente observar no relato Lucano a supressão de toda e qualquer forma de
separatismo, nem se enseja nenhum tipo de “troco”, vingança. Jesus perdoa quem
o condena! Em alguns outros trechos dos evangelhos, podemos facilmente perceber
um messias forjado pelo religiosismo exclusivista dos seus seguidores. É
exatamente nesse sentido, que o Jesus aletheia
difere do Jesus que os homens enquadraram nos livros; mesmo a bíblia sofre
desse mal.
Embora
encontremos no Novo Testamento várias formatações impostas sobre Jesus, no
entanto, não são suficientemente fortes a ponto de impedirem o vislumbre que
conseguimos obter da aletheia divina,
a qual se impõe sobre os preconceitos dos mais diversos e nem mesmo os mais
hábeis escritores conseguiram suplantar.
O
Jesus para além da religião, do exclusivismo, só pode ser percebido como a aletheia de Deus. Por esse motivo, ele
não pode ser assimilado através de composição intelectual, dogmas e pedagogias
das mais diversas. Observe que no texto Joanino os homens o estavam procurando
no livro, porém ele não estava lá. O livro falava dele, mas não era ele.
A palavra de Deus
A
bíblia de forma ortodoxa é chamada de “a palavra de Deus”, todavia, o que
podemos afirmar é o seu testemunho a respeito dele. Em hipótese alguma é a
palavra de Deus no sentido lato da acepção.
A
palavra de Deus é Jesus, a aletheia
divina. A bíblia fala de Deus, Jesus é a expressão dele. Qualquer tipo de
manifestação literária se adstrita ao falar da aletheia Jesus. É inconcebível e fere a inteligência, supor que a
palavra de Deus está involucrada em um livro temporal, físico e eivado de
ambiguidades.
Existem,
pelo menos, duas coisas as quais gostaria de acentuar. A primeira: Não vejo nem
um apequenamento da bíblia, afirmar não ser ela a palavra de Deus; pois se
afirmássemos ser ela a palavra de Deus, poríamos um livro no mesmo nível do
logos da fé. O livro teve início, composição, cópias, traduções. Um livro serve
para enriquecer em conhecimento, fazer pensar, provocar o leitor. Um livro pode
até salvar.
E
aqui faço a segunda observação: Quando falo que o livro salva, não estou de
modo algum falando de soteriologia [2]; falo de salvação intelectual,
epistemológica.
É
interessante, que os mesmos que defendem a bíblia como a palavra inerrante de
Deus, são os mesmos que protestariam se minha fala pusesse a bíblia como
salvífica, o que atesta a total incongruência da argumentação deles.
Se
ela fosse perfeita e inerrante, no mínimo seria Deus de Deus, como diz o
catecismo da igreja [3] e
estaria em pé de igualdade com o próprio Jesus como evento salvífico. O que
levantaria um novo problema teológico para a cristandade, já tão envolvida em
querelas milenares. Já não se poderia declamar o velho mote cristão: Só Jesus
salva, seria: Jesus e a bíblia salvam. Cairia por terra a unicidade salvífica
de Jesus.
A
epístola aos Hebreus traz um testemunho sobre a palavra de Deus, interpretado
frequentemente como se estivesse falando da bíblia, essa é a visão obtida pelo
senso comum, influenciada pela ortodoxia cristã, na veemente defesa da bíblia
como possuindo inspiração plenária.
Pois a palavra de Deus é
viva e eficaz, e mais afiada que qualquer espada de dois gumes; ela penetra ao
ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e julga os pensamentos e
intenções do coração. (Hb 4:12).
Há
um aspecto importante a ser observado. Á época da redação do texto de Hebreus,
havia muito pouca tradição com relação a leitura; os textos, todos do antigo
testamento, eram lidos nas sinagogas por ministros específicos. A igreja, a
princípio, seguiu a mesma didática do judaísmo.
Mais
tarde, algumas cartas dos apóstolos começaram a circular entre as comunidades,
sendo consideradas instruções oficiais, só posteriormente foram incluídas no
cânon do novo testamento. Esses fatos, por si só, já lançam luz sobre o texto
de Hebreus: Se a tradição pedagógica da palavra entre os Hebreus era oral, é
pouco provável que o escritor esteja chamando de “palavra viva” a escrita em
pergaminho.
A
palavra “viva” não pode ser um texto. Um texto não possui em si mesmo o poder
de “julgar” ou “discernir” o coração humano. Julgar e/ou discernir, são
prerrogativas de uma inteligência existente. Definitivamente, a letra estática
de um livro não possui tal característica.
O
que nos leva a assentir o ato divino como a aletheia
de Deus, é a percepção de que nada há de definitivo, pronto e acabado em nossa
dimensão. Não temos condições cognitivas e epistemológicas para afirmar
inexoravelmente a verdade perene das coisas e fatos na existência, mesmo o
falar de Jesus pelas religiões, pelos céticos e pelo homem do evangelho, jamais
se constituirão em aletheia de Deus.
A
aletheia de Deus é única e exclusivamente
o evento divino da salvação. O dogma não é a verdade, segredos bíblicos
teológicos não se constituem em verdade, pois como vimos, não existem verdades
definitivas na existência. O evento divino se constitui em aletheia, pois procede da não existência, daquele que sempre foi, o
eu sou Mosaico.
Eu sou o caminho, a verdade
e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim. (Jo 14:6).
Wanderley
Nunes.
[1] CHAUÍ,
Marilena. Convite a filosofia.São Paulo: Ática, 1994.
[2] Parte da
teologia que trata da salvação do Homem
[3] O
segundo concílio ecumênico, reunido em Constantinopla em 381, guardou esta
expressão na sua formulação do Credo de Niceia e confessou ‘o Filho unigênito
de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos, luz da luz. Deus verdadeiro de
Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai’. (Para ajudar a
compreender melhor, ler: João 14, 6-14; Catecismo da Igreja Católica, números
234-242 e 249-256).
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