quarta-feira, 18 de março de 2015

Comentário de Gálatas 1. 6,7: Evangelho Pervertido

Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho, o qual não é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo.
Paulo está espantado com a volatilidade dos Gálatas; como mudaram de opinião tão rapidamente! O ser humano parece sempre inclinado ao mundo da fantasia, sobretudo, se tais devaneios o puserem, ainda que utopicamente, em uma posição privilegiada, segundo sua mente psicótica delirante, pois como bem diz o antigo provérbio popular: “De médico e louco, todo mundo tem um pouco”.
Admira-me que estejais passando tão depressa...”.
Parece ser tão mais fácil abandonar a fé simples, a fé no invisível, no abstrato, para apegar-se ao visível, ao tangível, ao palpável; onde o que fala mais alto são os sentidos. Parece mais fácil crer no que se pode fazer, do que crer no “já está feito” do Evangelho da graça de Deus.
Ao contrário do que se imagina, “o fazer” humano para a justificação, para sua aceitação diante de Deus, nada valem. Todo tipo de arrazoado, cujo fim é imputar justiça ao homem através de suas ações penitenciais, é antes de tudo, uma afronta a penitência única e substitutiva levada a cabo por Jesus de Nazaré.
Porque, se torno a edificar aquilo que destruí, a mim mesmo me constituo transgressor […] Não anulo a graça de Deus; pois, se a justiça é mediante a lei, segue-se que morreu Cristo em vão.1
Em outro lugar, quando Paulo fala sobre justificação pela fé, ele diz:
Que, pois, diremos ter alcançado Abraão, nosso pai segundo a carne?
Porque, se Abraão foi justificado por obras, tem de que se gloriar, porém não diante de Deus. Pois que diz a Escritura?
Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça. Ora, ao que trabalha, o salário não é considerado como favor, e sim como dívida. Mas, ao que não trabalha, porém crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é atribuída como justiça.
E é assim também que Davi declara ser bem-aventurado o homem a quem Deus atribui justiça, independentemente de obras.2
...daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho...”.
Paulo acusa os gálatas de apostasia. Eles, que haviam aprendido que a salvação era gratuita, um dom de Deus, agora estavam tentando comprar com suas obras aquilo que já haviam recebido pela simples pregação do Evangelho. O apóstolo afirma que eles estavam abandonando o próprio Deus, e muito rápido! O que viviam agora, definitivamente não era o Evangelho.
.... o qual não é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo”.
Paulo corrige a própria fala quando diz que não há outro Evangelho. O que na verdade estava em curso, era uma tentativa desenfreada - daí a afirmação de que os gálatas estavam sendo perturbados pelos judaizantes - de perverter, de adulterar (é o significado mais correto aqui) o sentido do que seja Evangelho.
Estratagemas como esses, embora falem de Jesus, e supostamente façam chover sinais e milagres, de forma alguma deveriam ser chamados de Evangelho. Algo assim, é por si só, um acinte ao Evangelho de Jesus Cristo.
Wanderley Nunes.
1Gl.2.18 e 21
2Rm.4.1-6.
















quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Comentário de Gálatas 1.4,5: Segundo a vontade de Deus

O qual se entregou a si mesmo pelos nossos pecados, para nos desarraigar deste mundo perverso, segundo a vontade de nosso Deus e Pai, a quem seja glória pelos séculos dos séculos. Amém!

“O qual se entregou” (tomou nosso lugar). Paulo aponta para a graça revelada em Cristo morrer por nós. Jesus se entregou pelos nossos pecados. Não é salutar para quem quer que seja, desprezar a substituição efetivada por Cristo, de perdido pecador, o homem torna-se salvo e isento de toda culpa pelos méritos de Cristo.

Qualquer tentativa de buscar o favor de Deus através da sua própria indústria, redunda em uma negação, ainda que inconsciente, do demérito humano, pondo Cristo, sua vida, morte e ressurreição, como insuficientes para a justificação do pecador, constituindo-se tal ato, por si só, em uma afronta ao Evangelho da graça de Deus.

Foi contra essa subversão do Evangelho que Paulo se ergueu. Os Gálatas estavam agora tentando alcançar o favor de Deus depositando suas esperanças nos elementos tangíveis e transitórios, os quais os judaizantes inculcava-lhes, desprezando assim os ensinos libertadores do apóstolo dos gentios.

Hoje, quando observamos tudo o que a grande mídia propaga como Evangelho, não podemos fazer vista grossa às explícitas recomendações contidas na carta Galaciana, de modo a rejeitar os rudimentos do mundo: Dias de guarda, vigílias, jejuns, sacrifícios financeiros…

“Para nos desarraigar deste mundo perverso”, a versão Revista e corrigida diz: “Para nos livrar do presente século mau””. A ideia de Paulo é de querer demonstrar a efemeridade do mundo em que vivemos, por si só, a fraqueza do presente século deveria ser entendida como algo malévolo. Cristo morreu para arrancar o homem de tudo o que possa lhe prender a coisas passageiras em detrimento das eternas.

O pensamento Paulino não é demonizar a vida presente, todavia, patentear para sua audiência a inconsistência e vacuidade de uma vida cujo alvo consiste em viver como se o objetivo não fosse o eterno, ou como se o eterno nunca fosse chegar. É nesse mesmo sentido sua fala dirigida aos coríntios.

O tempo se abrevia; o que resta é que não só os casados sejam como se o não fossem; mas também os que choram, como se não chorassem; e os que se alegram, como se não se alegrassem; e os que compram, como se nada possuíssem; e os que se utilizam do mundo, como se dele não usassem; porque a aparência deste mundo passa (I Co.7.29 -31).

Pensar ou desejar uma vida dependente de Deus de forma apenas horizontalizada, é sintetizar o Evangelho de modo a descaracterizá-lo do transcendente, é erguer um ídolo cuja consistência é o pó que só alimenta a serpente.

“Segundo a vontade do nosso Deus e pai”. Sendo a vontade de Deus o desapegarmos cada vez mais da atual dimensão, posto que, se assim não fora, absorveríamos as volubilidades da vida como consequência do nosso envolvimento e paixão com o fugaz presente século.

Em lugar de produzir uma frustração mórbida, tal contexto deveria despertar em nós o anseio de viver uma vida intensamente e em toda a plenitude, todavia, com a certeza que toda essa completude e intensidade sempre será absorvida pelo eterno. A vontade de Deus, é que vivamos o hoje com os olhos e o coração no amanhã.

“A quem seja glória pelos séculos dos séculos. Amém!” Esse é o alvo do Evangelho e de todo aquele que nele crê: A Glória de Deus. Se há grupos que vivem um pseudoevangelho, voltado e devotado exclusivamente para seus interesses meramente materialistas, conclui-se então que o reino deles é terreno, o deus deles é o seu ventre, e sua glória constitui-se apenas em uma quimera.

“si in hac vita tantum in Christo sperantes sumus miserabiliores sumus omnibus hominibus” ( I Co.15.19).

Wanderley Nunes.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Comentário de Gálatas 1.3: Graça e paz

E todos os irmãos meus companheiros, às igrejas da Galácia, graça a vós outros e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do [nosso] Senhor Jesus Cristo.

Paulo continua sua prédica discorrendo sobre o desejo de que os gálatas tivessem de fato, graça e paz. Quando fala: “da parte de Deus […] e do nosso Senhor Jesus Cristo”. Não está aludindo a dois Deuses, mas ao Deus todo poderoso que se declinou ao humano na pessoa de Jesus de Nazaré. O Espírito imortal, invisível, se corporificou a fim de submeter-se ao tempo, espaço, e as circunscrições próprias do mundo tangível e palpável da matéria.

A saudação em si, tem como objetivo apontar que Deus é pai, criador e mantenedor de tudo, e nos deu a graça de continuar sendo o nosso Senhor, mesmo em sua humanidade. Logo, a saudação faz referência clara a Deus, o Deus único crido pelos Judeus e inclusive por Paulo. Referenda também, a revelação deste Deus na figura de Jesus.

A expressão “graça”, na verdade, é a bondade retratada nos méritos de Cristo, que a conquistou para aquele que crê nele. De modo bem explícito: O favor (o ato salvífico) imerecido (ao homem) lhe é imputado (posto em conta) através da vida, morte e ressurreição de Jesus de Nazaré.

Quando se crê em Jesus como o Senhor da sua vida, dá-se o ato salvífico na dimensão humana. É como se Cristo tivesse vivido a vida, a morte e a ressurreição do pecador perdido e separado de Deus, tomando completamente o seu lugar. Toda a culpa é abarcada pela morte daquele que foi sacrificado desde a fundação do mundo - fora do concurso humano, mas manifesto ao seu tempo - incluindo em um só ato: Passado, presente e futuro.

O ato salvífico de Cristo é tão extraordinário, que extrapola as expectativas e perspectivas meramente humanas e racionais, cuja pequenez não consegue apreender e dimensionar de forma perfeita a transcendência Divina. Mas ao receber a “graça”, se abre o caminho para a “paz”, paz com Deus, paz consigo mesmo, paz que excede todo o entendimento.

Esse dom indescritível, simplesmente recebido é o que nos faz agradáveis eternamente diante de Deus.

Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo[…] Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores. Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira. Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida. ( Rm.1.1, 8-10).

Wanderley Nunes.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Antropomorfismo: A Palavra de Deus e a linguagem humana

ENTRADA FRANCA
LOCAL: CLUBE CIFAMM
Av. Independência, Final da Rua da Apeti
Entre Mário Covas (à 500m da Mário Covas) e Rod. Quarenta Horas
Ananindeua - PA

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sexta-feira, 17 de outubro de 2014