"Prefiro a dúvida, filha da sobriedade, do que a certeza dogmática, mãe de todo radicalismo".Wanderley NunesSegunda a Sexta às 7h30 na Rádio Amazônia Viva FM - 89,5mensagemrestauradora.blogspot.com.br
Publicado por Mensagem Restauradora em Sábado, 5 de março de 2016
segunda-feira, 7 de março de 2016
Reflexões: Prefiro a dúvida...
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016
A dor que necessito
É fato que o sofrimento, a tragédia, a dor da perda, geralmente
produzem revolta; é fato também, que alguns sabem lidar melhor com as decepções
e vicissitudes da vida. É a partir das reações e respostas positivas destes
últimos à sua dor pessoal, que tanta gente tem sido socorrida e tem amainadas
as suas agruras através da solidariedade do seu “irmão de dor”.
Para o corpo humano sentir dor é algo imprescindível. A Sociedade
Americana de Dor (American Pain Society) e a Direção Geral de Saúde de
Portugal, colocaram a dor no posto de quinto sinal vital, precedida pela
pressão sanguínea, frequência cardíaca, respiração e temperatura. [1] Não sentir dor ou não ter sensibilidade a ela, ao contrário do
que se possa imaginar, não é um privilégio, mas um prejuízo.
Para um ser humano, não sentir dor alguma redunda em
autodestruição, em perda de parâmetros entre o real e o imaginário, entre a
sensibilidade sem máscaras da vida e a insensibilidade ilusória e destrutiva do
não sofrer.
A doutora Felícia Axelrod, do Centro Médico da Cidade de Nova York
relata o caso estarrecedor do menino Felipe Garcia.
[…] Felipe, 9 anos, morava com a família num circo na cidade de
Chihuahua, norte do México. Entre as atrações, estavam leões descritos como
perigosíssimos, mas que na verdade sofriam pela falta dos dentes da frente, um
globo da morte com 3 motociclistas, e “o incrível menino que se prega”. Quem
pagasse o equivalente a R$ 5 para ver o show de Felipe não tinha como não sair
impressionado.
O menino estendia a mão sobre a mesa de madeira e pregava 1, 2, 3 pregos nas dobras dos dedos da mão. Como era imune à dor, não soltava um único grito durante o espetáculo. Algum tempo depois, convidava a plateia para comandar o martelo. Aí, a coisa ficava ainda pior. O suposto voluntário, que na verdade era um funcionário do circo, errava de propósito a martelada e acertava um prego em um dos braços do menino, que continuava estático como se nada tivesse acontecido. Ao final, o público aplaudia com entusiasmo. [2]
O menino estendia a mão sobre a mesa de madeira e pregava 1, 2, 3 pregos nas dobras dos dedos da mão. Como era imune à dor, não soltava um único grito durante o espetáculo. Algum tempo depois, convidava a plateia para comandar o martelo. Aí, a coisa ficava ainda pior. O suposto voluntário, que na verdade era um funcionário do circo, errava de propósito a martelada e acertava um prego em um dos braços do menino, que continuava estático como se nada tivesse acontecido. Ao final, o público aplaudia com entusiasmo. [2]
O que na verdade estava por trás desse feito do
menino era a analgesia congênita, uma rara doença. Seus portadores não sentem
dor e não percebam também as mudanças de temperatura, ficando assim sujeitos a
acidentes, queimaduras e lesões que facilmente podem os levar à morte.
Nesse caso, não sentir dor é uma tragédia, até
porque sentimos dor desde o nascimento. A criança para se adaptar à vida fora
do útero, precisa abrir os pulmões e expulsar o líquido amniótico, e isso não
acontece sem dor, inclusive ela é a indutora de todo o processo.
A dor, ao contrário do que se pode pensar, é
protetiva. Ela indica que algo está errado, para que se possa tomar as
providências cabíveis. Ao falarmos em dor não podemos nos furtar de fazer
referência às dores da alma, que tanto solapam a sociedade moderna, como a
depressão e os transtornos psiquiátricos.
Tudo isso patenteia o fato de que não há vida
sem dor, posto que ela é o contraponto da felicidade e o norte que lhe dá
significância.
Ainda que o homem viva muitos anos, regozije-se em todos eles; contudo,
deve lembrar-se de que há dias de trevas, porque serão muitos. [3]
Qualquer discurso religioso ou filosófico, que fale de uma vida hedonista e isenta de dores, sem dúvida alguma, poderá ser taxado claramente de falacioso e/ou fanaticamente delirante.
Devemos apegarmo-nos a vida, sim; celebrando-a sempre; não esquecendo da dor, inevitável, remansado-nos com a morte, destino final de quem vive, alegrando-nos na ressurreição, esperança de quem crer.
Wanderley Nunes.
Ainda que o homem viva muitos anos, regozije-se em todos eles; contudo,
deve lembrar-se de que há dias de trevas, porque serão muitos. [3]
Qualquer discurso religioso ou filosófico, que fale de uma vida hedonista e isenta de dores, sem dúvida alguma, poderá ser taxado claramente de falacioso e/ou fanaticamente delirante.
Devemos apegarmo-nos a vida, sim; celebrando-a sempre; não esquecendo da dor, inevitável, remansado-nos com a morte, destino final de quem vive, alegrando-nos na ressurreição, esperança de quem crer.
Wanderley Nunes.
[1] Dor: O quinto sinal vital, Blog Filosofia da mente e ciências
cognitivas, http://filosofiadamenteecognicao.blogspot.com.br
, acesso dia 30/04/2015, 14:16 h
[2] Eles não sentem dor, Super interessante. http://super.abril.com.br , acesso dia 30/04/2015, 14:41 h
[3] Ec.11.8
[2] Eles não sentem dor, Super interessante. http://super.abril.com.br , acesso dia 30/04/2015, 14:41 h
[3] Ec.11.8
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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016
O que nos frustra? (O sofrimento internalizado)
O que na verdade nos embaraça é a nossa cosmovisão, nossas
esperanças e sonhos, os quais na verdade são episódios subjetivos e não fatos
concretos. Decepcionamo-nos com nossas perspectivas mais do que com o fato em
si, as vezes, nem fatos há, e sim sonhos, delírios de um ego que anela o
inatingível, o inexistente.
Assim, concluímos que o sofrimento é gerado muito mais a
partir das nossas internalizações do que de eventos exteriores a nós. Quando
nos decepcionamos, nos frustramos, na verdade estamos nos decepcionando e
frustrando, não com a pessoa ou situação que nos proporciona sentimentos
dolorosos, e sim com a nossa perspectiva equivocada com relação a pessoas,
situações e fatos.
É temerário basear a felicidade em bens materiais,
conquistas das mais diversas ou em pessoas. Calligaris, Doutor em psicologia,
fala de “conceito de bem estar”, em lugar do termo felicidade. Para ele, nenhum
desejo satisfaz o homem plenamente, embora, de forma errônea, achemos que a
felicidade esteja na consecução dos nossos sonhos e desejos mais íntimos.
Bem antes de Calligaris, o livro de Eclesiastes já apontava
para o engano de se procurar a felicidade em coisas externas a nós.
Resolvi no meu coração
dar-me ao vinho, regendo-me, contudo, pela sabedoria, e entregar-me à loucura,
até ver o que melhor seria que fizessem os filhos dos homens debaixo do céu,
durante os poucos dias da sua vida. Empreendi grandes obras; edifiquei para mim
casas; plantei para mim vinhas.
Fiz jardins e pomares
para mim e nestes plantei árvores frutíferas de toda espécie. Fiz para mim
açudes, para regar com eles o bosque em que reverdeciam as árvores. Comprei
servos e servas e tive servos nascidos em casa; também possuí bois e ovelhas,
mais do que possuíram todos os que antes de mim viveram em Jerusalém.
Amontoei também para
mim prata e ouro e tesouros de reis e de províncias; provi-me de cantores e
cantoras e das delícias dos filhos dos homens: mulheres e mulheres.
Engrandeci-me e sobrepujei a todos os que viveram antes de mim em Jerusalém;
perseverou também comigo a minha sabedoria.
Tudo quanto desejaram
os meus olhos não lhes neguei, nem privei o coração de alegria alguma, pois eu
me alegrava com todas as minhas fadigas, e isso era a recompensa de todas elas.
Considerei todas as obras que fizeram as minhas mãos, como também o trabalho
que eu, com fadigas, havia feito; e eis que tudo era vaidade e correr atrás do
vento, e nenhum proveito havia debaixo do sol.
[1]
O que Calligaris diz é similar ao que é relatado em
Eclesiastes. O desejo realizado perde o sentido. As vezes, se deseja muito um
bem, uma viagem, um homem, uma mulher, ou qualquer outra coisa. A concretude
desses sonhos, em si mesmos, não tem condição de proporcionar a felicidade, na
verdade, são instrumentos ilusórios dessa busca.
Do mesmo modo, como o empreendedor registrado em Eclesiastes
reagiu ao chegar na conquista daquilo que desejava, assim agimos com as nossas
realizações. Ao realizar ou conquistar algo, segue-se a euforia, logo depois o
tédio, para então, a busca do próximo feito.
É muito importante ter uma definição de quem somos, onde
queremos chegar e quem são aqueles que nos rodeiam. Nunca esperando demais do
outro, pois quem espera muito do outro, tem geralmente muito pouco em si.
Então, simplesmente viva, ame, compreenda se possível, perdoe se puder, chore
quando necessário, divirta-se sempre, sorria para o mundo. Seja você mesmo, mas
não esqueça de ser… humano.
Wanderley Nunes
[1] Eclesiastes 2.3-11
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