sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Reflexões: Impossível compreender o arrebatador amor de Jesus...



Impossível compreender o arrebatador amor de Jesus,
que me desgarrou das matilhas por onde andei,
sem perceber que andava com lobos.

Wanderley Nunes

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Provérbios 1.20-23. E vos farei saber as minhas palavras.


Comentário de Provérbios

Provérbios 1.20-23. E vos farei saber as minhas palavras.

20 Grita na rua a Sabedoria, nas praças, levanta a voz;
21 do alto dos muros clama, à entrada das portas e nas cidades profere as suas palavras:
22 Até quando, ó néscios, amareis a necedade? E vós, escarnecedores, desejareis o escárnio? E vós, loucos, aborrecereis o conhecimento?
23 Atentai para a minha repreensão; eis que derramarei copiosamente para vós outros o meu espírito e vos farei saber as minhas palavras.


20 Grita na rua a Sabedoria, nas praças, levanta a voz,

A sabedoria nesse texto se mostra personificada; qual seria a razão disso? Um bom motivo é que assim sendo, pode ser usufruída por uma pessoa, um grupo, uma nação, sem no entanto, ninguém ter direitos exclusivos sobre ela. Mesmo sendo de benefício para muitos, ninguém há que possa arrogar-se como seu dono, ou detentor único.

21 do alto dos muros clama, à entrada das portas e nas cidades profere as suas palavras:
22 Até quando, ó néscios, amareis a necedade? E vós, escarnecedores, desejareis o escárnio? E vós, loucos, aborrecereis o conhecimento?

“Do alto dos muros” - a septuaginta diz “”- dando uma indicação de que deseja ser ouvida, quer chamar atenção, por isso vai “à entrada das portas da cidade”, a sabedoria aqui parece estar personificada nos profetas, nos rabinos, nos sacerdotes, nos mais velhos e em todos que possuem experiência de vida e conhecimento da lei.

É bom perceber que a sabedoria no âmbito israelita, não é algo que “surge do nada”, ou “coisa” que se obtêm na vacuidade da vida, ela vem de pessoas que receberam do seu sopro.

Quando interroga os néscios – a bíblia de Jerusalém usa o termo “ingênuos”, a NVI  chama-os de “inexperientes”- seja como for: Néscios, ingênuos ou inexperientes, o grande problema é que amam o estado em que se encontram, possuem uma visão distorcida da realidade. Quem assim procede acredita piamente que néscio são os outros.

O escarnecedor ou zombador no pensamento judaico é o que não faz caso da vida reta, não se importa com da lei, por isso não vê problema em burlá-la e desrespeitá-la. O terceiro tipo é chamado de louco, a NVI traduz como “tolo”. Loucos, tolos, insensatos, estultos… Há diversas palavras para nominar o tipo que não dá ouvidos a sabedoria, não deseja se desenvolver como pessoa, ser alguém melhor, no caso do pensamento israelita, tornar-se um “piedoso servo do Senhor.”

23 Atentai para a minha repreensão; eis que derramarei copiosamente para vós outros o meu espírito e vos farei saber as minhas palavras.

Esse versículo tem sido objeto de grande abuso interpretativo e de uma mística e fanática aplicação.

É necessário todavia, analisar de modo criterioso todo o contexto. Primeiro, reiterando o que já foi observado, se pode notar que a sabedoria é personificada, ou seja, parece ter vida própria, entretanto, o que de fato acontece, é que o saber, ou a sabedoria adquirida, é considerada assaz importante em Israel. Ela não significa conhecimento “intelectual”, um grande exemplo disso é Salomão.

Se gastou “muita tinta” para dizer que Salomão foi o homem mais sábio que já existiu, por essa ótica se afirma ter ele sido o mais intelectual, mais inteligente, porém não é esse o significado de “sábio” no pensamento do Israel antigo. O rei de Israel não era um intelectual do quilate de um Leonardo da Vinci, de um Isaac Newton, ou de um Albert Einstein.

Sábio na perspectiva veterotestamentária, era quem compreendia a lei, era portador de bons conselhos, sabia dirigir sua família, e no caso dos reis, sua nação. Sintetizando: Sábio era aquele que detinha o conhecimento do “caminho do Senhor” e o ensinava com excelência, pois, possuindo ética e moral, conforme rezava a lei, havia a promessa do desfrute da benção.

Quando a “sabedoria” depreca para alguém lhe dar ouvidos, a seguir explicita “a benção” que logrará  aquele que lhe prestar obediência e honra : Desfrutará dos seus ensinos e consequentemente do fruto deles. Logo, como se pode ver, não há nada de místico  no versículo 23 como tem sido  “ensinado” para  a igreja cristã  através dos séculos.

Em vista de tudo o que já foi apresentado, o versículo 23 poderia receber sem dificuldade alguma a seguinte tradução: Se vocês me ouvirem (no sentido de obediência), aprenderão de mim e me conhecerão (aprender a ser sábio segundo a lei).

Corroborando isso, segue duas traduções do versículo 23.

Se acatarem a minha repreensão, eu lhes darei um espírito de sabedoria e lhes revelarei os meus pensamentos. (NVI)

Convertei-vos às minhas admoestações, espalharei sobre vós o meu espírito, ensinar-vos-ei minhas palavras. (versão católica – pt )



Wanderley Nunes

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

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Wanderley Nunes - Mensagem Restauradora

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Comentário de Gálatas 1.11,12 – Revelação de Jesus Cristo



Faço-vos, porém, saber, irmãos, que o evangelho por mim anunciado não é segundo o homem, porque eu não o recebi, nem o aprendi de homem algum, mas mediante revelação de Jesus Cristo.

“Faço-vos, porém, saber, irmãos”. Paulo com essas palavras deseja enfatizar a origem e originalidade do evangelho que prega. O vocábulo “irmãos”, empregado aqui, tanto é um termo carinhoso – preparando os corações galacianos para as severas exortações que viriam – como indica também o reconhecimento de que Paulo os considera de fato, da família da fé.

Ainda se pode acrescentar um outro motivo para os gálatas serem chamados de irmãos: Apesar de terem tão rapidamente se distanciado da fé que lhes fora apresentada pelo apóstolo dos gentios, isso, no entanto, não era razão suficiente para que lhes fosse dispensado qualquer outro tratamento que não o de irmãos.


Nota-se não ser Paulo, nem de longe, um institucionalista apaixonado, muito menos um fanático religioso, do tipo que preceitos, bandeiras, e flâmulas estão acima daquilo que deveria ser hipoteticamente o alvo e o objeto de amor de qualquer comunidade de fé: O ser humano.

“Que o evangelho por mim anunciado não é segundo o homem”. Paulo principia sua autodefesa axiomaticamente dizendo que a boa nova anunciada por ele não era κατα ανθρωπον (kata antrôpon) “segundo o homem” – a tradução da versão bíblica revista e atualizada, referência aqui, é fidedigna ao verter para o português a expressão grega – Não era nem um tipo de engendramento filosófico religioso, havia algo mais no seu ensino, indicando serem suas elucubrações não meras adaptações do pensamento judaico.

“Porque eu não o recebi…”. O apóstolo deixa entrever aqui, que não fora alvo das transmissões escriturísticas orais como era costume em Israel, claramente indicado pela expressão “não recebi”.

Um bom exemplo disso se encontra na carta aos Hebreus, tida por muito tempo como uma epístola saída da pena de Paulo, entretanto, tem sido demonstrado através de pesquisas mais recentes não ser esse de fato um texto Paulino. Uma das maiores provas se encontra na chamada “evidência interna”. No capítulo 2, o escritor diz o oposto do que Paulo afirmou aos gálatas.

Por esta razão, importa que nos apeguemos, com mais firmeza, às verdades ouvidas, para que delas jamais nos desviemos. Se, pois, se tornou firme a palavra falada por meio de anjos, e toda transgressão ou desobediência recebeu justo castigo, como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação? A qual, tendo sido anunciada inicialmente pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram [1]

Enquanto o escritor aos Hebreus se coloca no grupo dos que ouviram de terceiros o evangelho, Paulo diz que “não recebeu” de ninguém. E quando afirma não ter aprendido de homem algum, está categoricamente falando não ter consultado mestres humanos para ter chegado onde chegou.

Isso não significa de modo algum, não ter ele feito suas pesquisas e ponderações, como também não ter aceitado ainda que posteriormente, algumas tradições apostólicas - daqueles que eram discípulos antes dele - as quais se coadunavam com aquilo que cria.


Um bom exemplo disso é I Co. 15.3:


Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras.

Nesse texto há uma patente indicação de uma tradição apostólica, pois conforme Paulo afirma, seus antecessores transmitiam os ensinos, usando conjuntamente as escrituras – o antigo testamento e os profetas – a fim de corroborarem suas assertivas. Quando ele diz “entreguei o que recebi” está  fazendo uso dessa tradição, a qual se conformava perfeitamente com o evangelho que pregava.

“Nem aprendi de homem algum”. Quando faz tal asseveração, busca rebater as acusações daqueles que diziam que o evangelho que anunciava não possuía legitimidade, por ele não ser discípulo como os outros, não fazer parte do colegiado apostólico, não ter andado com Jesus, muito menos ter sido instruído pessoalmente por ele.

O que estava em jogo era todo o trabalho de Paulo e sua credibilidade junto aos gálatas, por isso, “os falsos irmãos” tentavam desqualificá-lo perante a igreja da Galácia. Deduze-se facilmente a síntese de suas vis argumentações: Se Paulo não possuía autoridade e nem autonomia apostólica para instruir aquela igreja, se o que ensinava não vinha de nem um dos apóstolos, muito menos do próprio Jesus, sua fonte então seria secundária, clandestina e inverossímil.

Desse modo, o evangelho da graça que pregava e, por conseguinte, as igrejas que haviam recebido suas instruções eram todas apóstatas e palmilhavam o caminho do erro. Por isso, era de suma importância uma tomada de posição firme.

O interessante nessa afirmação de Paulo, é que um leitor incauto ou mais desatento poderá achar a princípio que Paulo está concordando com seus acusadores, é como se dissesse: “É verdade, não aprendi com os apóstolos”. Quando na verdade, o que realmente queria dizer é que o que transmitira era oriundo de uma fonte superior.

No entanto, o teor da sua argumentação vai muito além de que simplesmente não ter sido instruído por homem algum - isso inclui Pedro, Tiago e João - muito menos sua prédica ser fruto da sua mente pródiga ou delirante, dependendo da interpretação e da boa ou má vontade dos avaliadores.

“Mas mediante revelação de Jesus Cristo”. Aqui está a motivação para o evangelho que o apóstolo das gentes anunciava. É explícito - exceto para os mais simplistas -  que o arcabouço do ensino Paulino não era fruto exclusivamente da estrada de Damasco.

Seja qual for a interpretação que possa ser dada – literal ou metafórica – o fato é que não é em Damasco, mas a partir de Damasco que se desenvolvem as formulações de fé Paulinas, tendo como marco inicial sua passagem por lá, independente de qual tenha sido a experiência Cristológica que tenha ocorrido nele.

É pertinente salientar a expressão “revelação” Αποκαλυψεως (apokalupsis). Essa palavra traz em si a ideia de descortinar, descobrir, tirar o véu. O que se pode concluir observando a trajetória de Paulo, é que cedo no caminho de Damasco, se deslindou para ele Jesus como o messias prometido, posteriormente, tendo como ponto de partida a “revelação” de Jesus Cristo, pôde então fundamentado no cabedal de conhecimento judaico grego, erigir a maior obra literária conhecida a respeito da fé em Jesus de Nazaré.



Wanderley Nunes



[1] Hb.2.1-3

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Reflexões: Rituais e cerimônias...



Rituais e cerimônias não plenificam ninguém.
O homem se realiza no ato, sobretudo no ato ético,
esse sim, o faz mais próximo da imagem de Deus.

Wanderley Nunes

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Provérbios 1.10-19. Conselhos para a vida.


Comentário de Provérbios


Provérbios 1.10-19. Conselhos para a vida.


10 Filho meu, se os pecadores querem seduzir-te, não o consintas.
11 Se disserem: Vem conosco, embosquemo-nos para derramar sangue, espreitemos, ainda que sem motivo, os inocentes;
12 traguemo-los vivos, como o abismo, e inteiros, como os que descem à cova;
13 acharemos toda sorte de bens preciosos; encheremos de despojos a nossa casa;
14 lança a tua sorte entre nós; teremos todos uma só bolsa.
15 Filho meu, não te ponhas a caminho com eles; guarda das suas veredas os pés;
16 porque os seus pés correm para o mal e se apressam a derramar sangue.
17 Pois debalde se estende a rede à vista de qualquer ave.
18 Estes se emboscam contra o seu próprio sangue e a sua própria vida espreitam.
19 Tal é a sorte de todo ganancioso; e este espírito de ganância tira a vida de quem o possui.

Temos agora um tratamento paternal, “filho meu”, o conselho aqui é para não se deixar seduzir por aqueles que não respeitam a torah, a família, e muito menos o próximo. “O não o consintas,” dá a entender que há de fato uma argumentação inebriante e tentadora por parte dos “pecadores”.

O convite para “derramar sangue inocente” fala muito do desejo aventureiro, do que comumente chamamos nos nossos dias de “adrenalina”. A intenção de se experimentar os instintos mais primitivos e animalescos, ficam patenteados na expressão “traguemo-los vivos, como o abismo, e inteiros, como os que descem à cova”.

 O texto parece falar da morte sem reparação alguma, final de vida. Tudo indica que o escritor não possuía nenhuma influência do pensamento helenista, pois aquele que convida o incauto rapaz para os caminhos da violência, deixa entrever que acredita no homem como alma vivente - sem uma entidade (alma) imortal – apenas como tendo fôlego de vida, foi-se o fôlego, vai-se ao pó irremediavelmente. Quando diz “traguemo-los vivos, como o abismo…” O pensamento é de que seu opositor não viverá em hipótese alguma, nem mesmo em outra dimensão.

É importante ressaltar, que o homem como possuindo uma alma imortal, bem como o abismo (sheol), se tornando mais um lugar de tormento de que apenas e simplesmente um túmulo, é uma construção mais recente do pensamento judaico, influência clara das crenças gentílicas, sobretudo, gregas.

acharemos toda sorte de bens preciosos; encheremos de despojos a nossa casa;
 lança a tua sorte entre nós; teremos todos uma só bolsa.

O ganho fácil, por vezes ilícito, quase sempre entorpece o homem. O escritor de provérbios objetivamente reproduz um tipo de discurso que encanta quem gosta da adrenalina, adora viver perigosamente, e é um ávido seguidor da lei do menor esforço. A epístola a Timóteo aborda isso de forma aguda e explícita.

Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição.
Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores (I Tm 6.10).

É interessante observar que no texto de provérbios (versículo 13), há uma demonstração evidente da crença no sucesso do malfeito, pois diz: Encheremos de despojos a nossa casa… Para em seguida, demonstrar como estarão envolvidos mutuamente se o companheiro aceitar a nefanda proposta.  “…lança a tua sorte entre nós; teremos todos uma só bolsa.” Assentindo a tal convite, o incauto, além de se tornar cúmplice, torna-se sócio no empreendimento do mal.

Filho meu, não te ponhas a caminho com eles; guarda das suas veredas os pés; porque os seus pés correm para o mal e se apressam a derramar sangue.


O conselho paterno continua soando, já que a ideia aqui é de um pai que é senhor da sua casa, tendo uma grande responsabilidade sobre ela, o patriarca fará sempre assim, não só porque ama os seus, mas porque teme a Deus, e na sagrada torah dos judeus, o Senhor de Israel está acima de tudo, inclusive dos familiares, porém, ordena ao pai de família que a ame. Logo, o conselho exposto nos versículos 15 e 16, são na verdade, apelos de um pai, que ama seu filho e é obediente a Deus.

Pois debalde se estende a rede à vista de qualquer ave.
Estes se emboscam contra o seu próprio sangue e a sua própria vida espreitam. Tal é a sorte de todo ganancioso; e este espírito de ganância tira a vida de quem o possui.

Há uma preciosa mensagem nos três últimos versículos. A Síntese de tudo, é que todo malefício projetado contra o outro, na verdade, é um mal perpetrado contra nós mesmos, não passamos incólumes por sentimentos ruins “…Pois debalde se estende a rede à vista de qualquer ave.” Antes de ser direcionado ao outro, o mal é nosso - e isso sem evocar qualquer pensamento místico ou supersticioso – e para nós retornará altamente potencializado e danoso.

 Demonstra-se isso pelos inúmeros problemas de saúde causados pelo stress, tensões do dia a dia, e acima de tudo, sentimentos tais como ódio, rancor, mágoa…O versículo 18 vai mais longe quando diz de forma indubitável, que todo ganancioso, egoísta, que vive a engendrar projetos no afã de auferir lucros - insensível ao prejuízo de outrem - o que produz de fato, são males contra si próprio, pois mesmo prejudicando grave e efetivamente a terceiros, ele jamais sairá ileso. É a lei da vida.

Foge, outrossim, das paixões da mocidade. Segue a justiça, a fé, o amor e a paz com os que, de coração puro, invocam o Senhor (II Tm.2.22).
                           


Wanderley Nunes.